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Eficiência energética sim, e com Sobriedade!

Alterar comportamentos e consumos começa por definir o que estamos a estudar de forma clara, com uma visão ampla e não parcelar. Vamos então com esse curto texto definir os 3 lugares de luta ao desperdício energético e ao seu impacto, e deixar claro o lugar onde a Mo-do atua.


Eficiente

Na luta ao gasto energético, o termo que mais se ouve é o da eficiência. Aliás, os gabinetes de consultoría energética (não é o caso da Mo-do) costumam ser especialistas de certificados energéticos que medem essencialmente a eficiência dos edifícios sobre base de uma comparação dos aspetos técnicos dos edifícios (o tipo de construção, a presença ou ausência de isolamento, as janelas, as máquinas para aquecer/arrefecer ar e águas etc). No âmbito técnico, a palavra eficiente define : Que obtém resultados ou tem o funcionamento esperado com uma maior economia de recursos e/ou tempo 1. Encontramos ainda no Portal da Eficiência energética : “A eficiência energética é a optimização que realizamos no consumo de energia”2


Na eficiência, essa questão da otimização do consumo é tratada desde uma abordagem técnica, que valoriza (e bem!) os progressos técnicos que permitem gastar menos energia para um mesmo resultado. É a abordagem com a qual os arquitectos e a maioria dos engenheiros costumam olhar para os edifícios. Mas por várias razões, essa questão é apenas uma parte da problemática energética. Não só continuamos individualmente a cada geração a precisar de cada vez mais de energia, como continuamos cada vez mais numerosos a precisar dela. Sem mencionar ainda o efeito rebound 3 que mostra que costumamos aproveitar da eficiência para, paradoxalmente… gastar mais energia! Para estragar ainda mais as estatísticas, a fonte da energia que usamos também vem acrescentar a problemática. 


Renovaveis

Há vários anos que o consenso científico percebeu que o tipo de energia que usamos não só está sujeito a um esgotamento de recursos limitados (as energias não renováveis como o petróleo ou o Gás), mas a sua extração e a sua transformação tem um custo ambiental que não podemos ignorar 4. Vamos pôr de parte a questão da energia nuclear que merece um artigo por si só, de tão polêmica que ela seja, e olhar para as fontes renováveis implementadas bem representadas no mercado da energia : o vento, o sol e a energia hidráulica, cada uma com constrangimentos que limitam o seu uso direto (intermitência, Armazenamento da energia, infraestruturas). Embora tenham-se desenvolvido, ainda só representem menos de 10% da produção mundial de energia 5, enquanto a produção de   combustíveis fósseis continua a aumentar massivamente. De facto, continuamos como sociedade a produzir e usar cada vez mais energia, numa ascensão que dá vertigens. 


Sóbrio 

Afinal de contas, falamos da eficiência das nossas máquinas e edifícios, e do impacto do tipo de fonte de energia que usamos. Mas ainda não falamos de quem precisa de gastar energia, e do porquê o precisamos. Usamos a energia para passar do que temos ao que queremos 6. Isto aplica-se a todos os campos da Energia : para aquecer, transportar, produzir, iluminar, informar etc…  Não são os edifícios mas bem os humanos que gastam energia. Assumir isso como o ponto central da reflexão energética permite-nos ter uma visão hierárquica completa da cadeia energética. A associação francesa Negawatt 7 que estuda a questão da redução do consumo global de energia há anos, percebeu que todos os cenários futuros terão que incluir essas 3 componentes : Em primeiro lugar a sobriedade, ou como repensar a nossa necessidade e a sua importância quantitativa e qualitativa, vem a seguir a eficiência, ou seja como fornecer o mesmo serviço energético da maneira mais otimizada, e por fim a questão dos renováveis, colocando a questão das fontes da nossa energia, da sua viabilidade e do seu impacto a longo prazo. 


O trabalho que faço com a Mo-do, embora tenha capacidade para dar resposta a esses três campos da redução do gasto energético, demarca-se das consultorias Energéticas clássicas precisamente por ter ferramentas de Sobriedade energética que fazem falta no campo da energia. Soluções comportamentais, a organização humana nas empresas, a gestão e a dosagem no uso das máquinas, a compreensão fina dos fenómenos dentro do edifícios, tudo isso faz parte do mundo real, a acontecer, que nunca se limita ao dos cálculos e das tabelas. 


Nessa procura de juntar o humano e o técnico, o ambiental e o específico, o projeto e a realidade, a minha missão começa e acaba sempre por juntar os mundos para chegar a resultados tangíveis e reais. E confesso-vos, é isso que mais me alicia. 



1. "eficiente", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2024, https://dicionario.priberam.org/eficiente.

6. Essa frase é a que melhor resume a função da energia nas nossas vidas, também foi a mais ouvida na formação de Designer ÉnergétiqueⓇ dada por Pascal Lenormand.

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